“Amor à Vida”: “É uma utopia”
“Amor à Vida” está na sua reta final e as polêmicas não param de aparecer. O alvo da vez é o romance entre Linda (Bruna Linzmeyer), personagem autista da novela, e o advogado Rafael, vivido por (Rainer Cadete).
O romance entre os dois foi crescendo a cada capítulo na trama de Walcyr Carrasco. Leila (Fernanda Machado), irmã de Linda na novela, sempre infernizou a relação dos dois o quanto pode e incentivou a mãe a denunciar o advogado.
A presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia, Rita Valéria Brasil Santos, condenou a maneira como Walcyr tem conduzido a trajetória de Linda. “É uma utopia o que a novela apresenta no momento”, opinou ela.
Rita, que é mãe de uma autista de 21 anos, destacou que a personagem de Linda foi criada sob um rígido controle dos pais e longe da sociedade, tornando pouco crível a possibilidade de uma interação com o “namorado”.
“O autor preferiu mostrar apenas a questão de sexualidade e não mostrou a luta da família para conseguir escola, tratamento, diagnóstico. Ele [Walcyr] é um formador de opinião e tenho medo de que mães de autistas tenham a ideia da Linda na cabeça“, comentou.
“A realidade da Linda está muito distante do que é o autismo. Está muito romanceado. Não existe gente com autismo como a Linda, pelo menos que eu conheça“, disse Ana Maria Mello, superintendente da Associação de Amigos do Autista de São Paulo, e mãe de um autista de 32 anos.
“Dentro do enredo da novela, eu acharia uma injustiça denunciá-lo. Na vida real, seria abuso porque não existe a menor possibilidade de ser uma ação conjunta. O relacionamento é uma das maiores dificuldades que eles têm. É difícil você perceber um afeto. Até para demonstrarem afeto pela própria família é complicado“, explica Ana Maria que segundo ela, Rafael não deveria ser preso por ter um romance com Linda, já que na vida real, a situação é totalmente diferente.
Marisa Furia, presidente da Associação Brasileira de Autismo, contou que há um caso na Suécia envolvendo o casamento entre autistas, mas que a situação é rara, além de receber apoio do governo. “Na novela percebo que o rapaz [Rafael] está cuidando dela, proporcionando boas coisas, e por isso ela consegue interagir com ele, mas acho muito complexo falar de uma relação amorosa“, ponderou ela, mãe de um homem autista de 36 anos.
Para Marisa, o descontrole de Neide com o fato é aceitável. “Entendo que exista uma grande preocupação da família, é preciso de um acompanhamento intenso para que essa relação seja decente. Não sei dizer o percentual de ‘Lindas’ no Brasil, mesmo assim acredito que a discussão é interessante“, ressaltou.
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