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segunda-feira, 2 de junho de 2014

“Pecado Mortal” deixa saudade com uma trama de altos e baixos

Luiz Guilherme é o bicheiro Michelle
Após mais de 30 anos de Globo, Carlos Lombardi deixou a emissora e assinou, na Record, Pecado Mortal, que chegou ao fim ontem. O folhetim que se passou nos anos 70 teve muitos altos e baixos – a maioria destes fora da telinha. O ‘leque’ da história demorou muito para abrir e só depois de várias semanas que o público soube que Carlão era, na verdade, Marco Antonio (Fernando Pavão), o filho perdido de Michelle (Luiz Guilherme). Algo parecido já havia ocorrido com Máscaras.
Ao longo de oito meses, Pecado Mortal sofreu ainda com a saída de Alexandre Avancini, que irá dirigir “Os 10 Mandamentos”, inicialmente prevista para este ano e, agora, adiada para 2015; com a desistência de Mel Lisboa; e com a saúde de Betty Lago, que ainda faz tratamento de câncer. O texto rápido, com tiradas inteligente e diálogos recheados de conotações sexuais pode ter afastado o público mais conservador. Bem como as várias sequências de tiroteios e as idas e vindas de alguns personagens, especialmente Carlão, ao hospital e à delegacia.
montagem a partir de fotos de divulgação/Record
Outro erro foi o abandono de algumas histórias ao longo da história. Marcinha (Mel Lisboa) ficou apagada demais e nem teve tempo de se tornar uma prostituta de luxo; Stella (Betty Lago) ficou muito mais tempo fora da trama e seu relacionamento com Michelle acabou não vingando; do núcleo que envolvia Anjo (Daniel Del Sarto) praticamente só sobrou seu Jurandir (Fábio Villa Verde); e Nair (Íris Bruzzi), avó de Anjo, reapareceu na trama envolvida no jogo do bicho mas acabou saindo da história sem mais ou menos. Bianca Byington, a delirante Ilana, foi outra que sofreu com um papel pequeno.
A reconstituição de época (figurinos, penteados, cenários, objetos cênicos…) foi perfeita e a trilha sonora, enxuta, privilegiou a ótima interpretação de Maurício Manieri em ‘I Just Wanna Stop’, tema de Carlão e Patrícia (Simone Spoladore). As participações especiais deram um fôlego a “Pecado Mortal”, com destaque para Bemvindo Sequeira (Tufik), Henri Pagnoncelli (Evaldo), Raul Gazolla (Valdo) e Raymundo de Souza (Perfume). Claudio Heinrich não convenceu como o trambiqueiro Paulo. E Juliana Didone esteve apagada como Maria Clara e Leila, apesar de ter conseguido transmitir as personalidades bem diferentes das gêmeas. 
palomaduarte
“Pecado Mortal” teve ainda atuações excelentes de vários atores como Jussara Freire (Donana), Felipe Cardoso (Otávio), Luiz Guilherme (que emocionou nas cenas onde seu personagem começava a sofrer de Alzheimer), Simone Spoladore (alguém lembra que Bianca Rinaldi foi cotada para o papel?), Fernando Pavão, Paloma Duarte (Doroteia), Denise Del Vecchio (Das Dores) e, principalmente, Vitor Hugo (Picasso). Não se pode deixar de mencionar Lua Blanco (como a sofredora Silvinha), Sônia Lima (Norma Shirley), Daniela Galli (Catarina), Carla Cabral (Laura) e Mariah Rocha (Helena), além da novata Pietra Goa (Rafaela), e da experiente Tatyane Goulart (Lívia), em seu retorno à TV.
carlao
A dupla Picasso-Carlão foi a responsável pelos melhores momentos da novela em uma eterna briga de cão e gato. O capítulo final foi surpreendente e remou contra aquele show de casamentos e bebês. Otávio dizimou a família de Doroteia só poupando a bicheira, mas acabou morto numa troca de tiros com Monet (Renato Liveira); Das Dores se aliou ao jogo do bicho; Patrícia abandonou a profissão de promotora e ajudou na fuga do marido, condenado a 12 anos de cadeia; Lívia assumiu os negócios da família; Pedro e Paulo mantiveram-se envolvidos no tráfico de drogas; Carlão abriu uma nova escolinha em uma ilha do Caribe; e Picasso, num show de atuação de Vitor Hugo, confessou sua paixão recolhida pelo ‘hippie’.
Por fim, o ‘irmão gêmeo’ de Carlão, criado na ilha (foi explicado que o barco que levava Michelle para o Brasil deu pane e ficou alguns dias ancorado no local), deu o tom de humor do capítulo final. “Pecado Mortal”foi uma brilhante produção que se agarrou em dois pilares: o ótimo texto e atuações marcantes. Deixa saudade.

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